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ARCANO IX – O EREMITA – LEI DO CONHECIMENTO

SIMBOLISMO

     Este Arcano e a Lei que ele representa já foram abordados com algum detalhe no Artigo “O Gato do Ashram” publicado no dia 06/06/2020, nesta mesma Página e cuja leitura recomendo aos interessados. Vamos nos concentrar agora nos Aspectos simbólicos do Arcano que, como sempre, estão sujeitos a “chuvas e trovoadas”.

     A imagem do Arcano apresenta a figura de um homem só, buscando um caminho que tenta iluminar com uma lâmpada – a Lâmpada e Hermes. Ele está envolto pelo Manto de Apolônio – o manto da sabedoria – e carrega em suas mãos o cajado do conhecimento que lhe proporciona a prudência necessária para sentir e trilhar o seu caminho. O nome dado ao Arcano não representa exatamente a ideia do Eremita arquetípico, aquele que se isola da humanidade e foge do seu contato. O que a figura sugere é uma busca permanente, que para ser empreendida exige certa reclusão e afastamento, não no sentido de descaso para com seus semelhantes, mas como resultado de uma desambientação em relação ao mundo que o cerca.

     Este isolamento é quase uma exigência durante o seu período de busca e termina quando a lâmpada consegue iluminar o interior desconhecido, representado pela face negra interior do manto. Como qualquer ser humano ele tem uma natureza social, gosta do convívio mas, frequentemente, se sente sozinho dentro dos coletivos, e acaba não conseguindo a ambientação necessária, pois nem todos estão dispostos a acompanhá-lo ou mesmo entendem a sua jornada. O Arcano representa o Eremita no momento em que ele já está saindo do deserto, representado pela palmeira ao fundo, e com a sua lâmpada já iluminando o mundo exterior, através do conhecimento que ele traz dentro de si. O sol enevoado representado no plano material da figura, encoberto pelas tempestades do deserto, vai sendo deixado para trás. A luz que ele carrega irradia-se, inclusive, para os planos espirituais, como representam os raios ascendentes que chegam ao sol.

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     Este último aspecto merece alguma consideração adicional, por remeter para o tema sempre instigante do papel do Ser Humano na vida, ou seja, a busca do verdadeiro Propósito da sua existência. Convido os leitores a um passeio por algumas ideias, revisitando uma já apresentada em artigos anteriores, como na segunda parte daquele que trata sobre o Meio Ambiente. Naquela ocasião, na busca da identificação do Propósito da existência humana, comentei que “a ideia atribuída a Aristóteles de que ao ser humano caberia buscar o conhecimento com a finalidade de ser feliz e viver em harmonia não se aplica aos critérios estabelecidos, porque está voltada inteiramente para o próprio individual, sem preocupação com o Meio Ambiente imediato.”

     O comentário continua válido, se mantivermos a forma como foi apresentado. Mas uma ideia, ao contrário de um conceito, aceita acréscimos e pode ser enriquecida com outras nuances, sem que a sua base seja invalidada. Isto acontece ao nos deparamos com o simbolismo do Arcano IX, quando vemos os raios de energia saindo do Eremita para o Sol, que aparece dividindo os Planos Astral e Espiritual, como que provendo uma interface entre eles. Esta visão nos oferece uma nova perspectiva que merece ser explorada. Se, em vez de estabelecermos uma finalidade de ser feliz e viver em harmonia, admitirmos uma finalidade mais abrangente como "adquirir conhecimento através de experiências de vida, a fim de contribuir para o aprimoramento da Espécie e permitir que ela galgue patamares evolutivos mais elevados, juntamente com o Planeta e o Sistema no qual estamos inseridos", então estaremos estabelecendo um Propósito com ponto de aplicação no nosso Meio Ambiente.

    A representação do Sol como essa interface entre dois níveis energéticos poderia muito bem simbolizar este “ente superior” cujo alcance seria almejado pela Humanidade, irmanando-se com ele no seu caminho ascensional, permitindo idealmente que o sistema evolua como um bloco único sem deixar para trás nenhum de seus componentes.

      Note-se que o uso do tempo condicional nesta parte da narrativa se deve ao caráter interpretativo do simbolismo, que pode causar nas pessoas impressões diferentes e que, neste comentário, representa uma possibilidade vislumbrada pelo autor.

     Não é sem motivo que este Arcano também é considerado o da “Iniciação”, neste sentido descrito de enriquecimento da Alma, com vivências e conhecimentos que despertem os verdadeiros valores e a aproximam de refletir cada vez mais os atributos do Espírito. Assim, o Sol da figura poderia ser associado também à construção da Alma que funcionaria como esse interface mágico, a ponte que conduz ao nível energético que precisa ser alcançado para a unificação do Sistema.

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