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                                    ARCANO VI – OS AMANTES      LEI VI – CAOS E HARMONIA

 1.  Simbolismo    

 

A energia deste Arcano e da Lei a ele associada deveria merecer especial atenção de todos os que se propõem a percorrer um caminho espiritual. É através dela que entramos efetivamente no mundo real. O número seis é o primeiro número perfeito e uma de suas características é a de que o produto de seus fatores é igual a sua soma (1x2x3 = 1+2+3). Ele contém, portanto, toda a essência da Trindade Divina, da Tríade Primordial. É por este motivo que ele remete à perfeição e à beleza, representadas na Arvore da Vida pela sephirah Thiphereth – O Sol, não por coincidência a porta de entrada do nosso Sistema e fonte imediata da nossa energia, em outras palavras, a nossa estação retransmissora mais próxima.

     Por aqui passam a se expressar dois princípios fundamentais para a vida material. (1) Aparece pela primeira vez nos processos humanos a dualidade trazida pelo fator 2  que vai obrigar a que sejam feitas escolhas; (2) a manifestação do Princípio da Correspondência ou da Analogia estabelecido por Hermes Trimegisto que decorre, naturalmente, do desmembramento do seis em seus dois fatores iguais ( 6 = 3 + 3). A manifestação de duas Tríades Primordiais em planos diferentes traduz, na prática, a semelhança entre os planos superior e inferior e enfatiza a interdependência entre assas duas realidades.

     Está também no seis a introdução do que se chama de Livre Arbítrio e que merece algumas considerações sobre a sua natureza.

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Âncora 1

      Admitindo que vivemos num mundo criado, ele se caracteriza como um Cosmos, ou seja, uma pedaço do Todo separado e organizado, com características determinadas para atender um propósito específico sujeitos a Regras e Leis destinadas a mantê-lo em equilíbrio. O Eneagrama é uma ferramenta que acomoda de forma perfeita a análise de estruturas cósmicas, sendo portanto indicado para buscar o autoconhecimento.  Qualquer “Organização” limita a liberdade ao estabelecer regras e leis que precisam ser cumpridas para que ela prevaleça e possa fazer jus ao nome. Portanto, num ambiente organizado nunca existe liberdade total e isso vale também para o que consideramos livre arbítrio. Podemos fazer nossas escolhas, sim, mas dentro dos limites impostos pelo nosso cosmos.

     Além disso, o livre arbítrio é apregoado como um direito inalienável do ser humano, intocável, até mesmo pelos Deuses... “ – Me engana que eu gosto...!”. A necessidade de escolhas é uma consequência direta e necessária da dualidade polar, requisito indispensável para a manifestação na dimensão em que vivemos. Voluntariamente ou não, estaremos sempre obrigados a escolher entre opções que nos são apresentadas e que na maioria dos casos são conflitantes. Dentro dos limites do nosso Universo isso é inexorável e, provavelmente, também em qualquer Universo criado que não seja exclusivamente mental.

Portanto, antes de ser um “direito”, o livre arbítrio, em primeiro lugar, não é livre e, em segundo, está mais para uma necessidade obrigatória que exige clareza mental e discernimento para ser cumprida. Se esse requisito estava previsto, é um verdadeiro “tropeçador” no caminho, se não, é uma mensagem “à Garcia” : “ – TVC  (Te Vira Cara...).”

     Na prática, nós mesmos acabamos criando outros Cosmos menores dentro do nosso. Uma analogia que podemos utilizar é a do efeito da educação das crianças que as conforma a uma realidade social cheia de regras que tolhem a sua plena manifestação espontânea.

A  imagem do Arcano VI incorpora visualmente a maioria desses aspectos comentados e seus detalhes podem ser pesquisados neste Site.

LEI VI – LEI DO CAOS E HARMONIA

      Esta Lei, como já foi dito, é a porta de entrada na nossa dimensão, no mundo material. Ela introduz a polaridade nos processos e, portanto, a diferenciação que viabiliza a manifestação. Só conseguimos perceber as coisas porque existem nuances de cores, sombras e outras diferenças sem as quais tudo pareceria igual e sem possibilidade de distinção. As diferenças levam à comparação, às escolhas  e à qualificação, o que não existiria num Todo unificado. 

      Num  universo mental como o descrito no Primeiro Princípio Hermético não há como dizer que a matéria é polarizada. Na realidade é a nossa mente microcósmica que é polarizada para conviver na dimensão da matéria.

     Costumo usar a analogia do avião (lei V) chegando a um aeroporto  precisando desembarcar seus passageiros (ideias) no novo solo (mundo material). A Lei VI é a escada do avião na pista, ou o “finger” do terminal, por onde os passageiros pisam no solo. Sem ela, não é possível trazer as ideias para o mundo real para utilização. A Tríade de recepção (5-6) é incompleta, faltando-lhe a energia passiva, o receptáculo que seria uma espécie de pista de pouso para a aeronave, para que os passageiros cheguem intactos ao seu destino, pista essa que precisa ser encontrada pelo piloto. No campo das ideias acontece o mesmo e frequentemente perdemos ideias que nos vêm à mente de forma clara, mas fugaz, por não conseguirmos fazê-las “desembarcar” em segurança. Os instrumentos a serem utilizados são a atenção e presença no que fazemos ou, ainda de forma mais concreta, o registro da ideia por meio de anotações ou outro método mnemônico que permita recuperá-la. Um exemplo comum é o dos sonhos conscientes que se perdem e levam muitos a manterem lápis e papel nas suas cabeceiras para anotá-los de imediato.

     O que pode prejudicar o “pouso” das ideias? Excesso de tráfego, representado pela mente cheia de pensamentos supérfluos; tempestades causadas por estados mentais negativos, stress, pressões e cobranças, além de qualquer coisa que prejudique a clareza mental.

     Não é de estranhar, portanto, que a Lei VI trabalhe para compensar ou evitar esses obstáculos, evitando confrontos que possam provocar aborrecimentos, procurando não tomar decisões que envolvam um potencial de conflito, o que pode dar origem a omissões ou postergações esperando que as coisas se resolvam por si mesmas.

     No entanto, essas atitudes decorrem apenas da nossa incapacidade de viver o “agora” e estarmos efetivamente presentes nas situações com as quais nos deparamos e, portanto, não permitindo que ideias se percam ou oportunidades passem desapercebidas, deixando de lado as lamentações do passado e não embarcando nos devaneios do futuro, mas apenas tomando decisões conscientes baseadas nas experiências vividas e nos objetivos de vida estabelecidos.

     Este é o caminho para viver objetivamente a Lei VI, ou seja, deixando a mente limpa para receber o que aflora do inconsciente e assim promover o alinhamento entre Mente, Emoção e Ação, vivenciando momentos cada vez maiores de consciência ampliada. Ao conseguirmos estes estados os resultados poderão ser concretamente observados. O ser humano costuma chamar a obtenção dos resultados desejados de “sorte”, que nada mais é do que o aproveitamento objetivo de realidades vislumbradas nesses momentos de alinhamento.

     Ao conseguirmos viver objetivamente esta Lei  conseguiremos um reforço dos laços analógicos com os planos de vibração mais sutis. Neste caso, poderão ser expressas, nas suas devidas proporções, as qualidades mais harmônicas dessas energias, trazendo características semelhantes para manifestação neste plano. Isto pode significar tendência para profissões e atividades em que essa harmonia é fundamental, como arquitetura, decoração, design de varias naturezas, e tudo aquilo que depende de elevado senso estético.

     O trato inadequado da energia desta Lei poderá levar à indecisão, à omissão e à falsidade, no sentido de concordar com tudo, mas agir de forma diferente, apenas para evitar confrontos e discussões com os interlocutores.

    É importante nunca confundir eventos exteriores com estados interiores. Precisamos ter sempre em mente que não são as situações exteriores que nos proporcionam paz interior e harmonia. Ao contrário, são nossos estados interiores que vão determinar como encaramos e lidamos com as situações. A grande lição a extrair desta Lei é o entendimento de que Paz, Liberdade e Felicidade nada têm a ver com a natureza das situações exteriores que vivemos. Elas vão depender dos nossos estados interiores e da maneira como eles serão transferidos para as situações. Como poderão, por exemplo, negociadores de um tratado de paz chegar a um resultado satisfatório se não estiverem, interiormente, em paz consigo mesmo?

Âncora 2
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