Situações Governadas pela Lei XIV - Temperança
As situações dominadas poe esta Lei envolvem principalmente o prazer de fazer as coias e a autoestima. Aqui o equilíbrio deve ser sempre o fator preponderante.
Arcano 25 -Cavaleiro de Paus – o Argonauta
Plano Espiritual: O cão azul simboliza a fidelidade aos princípios familiares e a serpente dourada a esperteza, a primeira prevalecendo sobre a segunda.
Plano Astral: Aparece o jovem Horus em pé e em movimento voltado para a direita em cima da nave Manjet, embarcação de Osíris. Está na posição de coragem, ou seja, está preparado para enfrentar várias traições e perigos que se apresentam no plano físico.
Plano Físico: A serpente Apep sempre tentava obstruir o caminho da embarcação, simbolizando perigos e o crocodilo simbolizava o Shut, o seu maior inimigo. O amuleto indica ligação com o mundo dos mortos. O arcano, como um todo, mostra a descida aos mundos dos mortos.
Planeta : Netuno – Ideal a ser atingido, viagens e buscas.
Lei: 14 (7+7) – Muita energia e idealismo. Faz tudo por prazer e sai no mundo em busca das coisas agradáveis que já não encontra na sua estrutura de origem. nunca deixa de perseguir os seus objetivos e sonhos.

O Cavaleiro de Paus representa o arquétipo do aventureiro corajoso e cheio de imaginação. Empreendedor e ousado nas negociações, tem uma tendência a associar-se com pessoas de fora de sua localidade. Impulsivo e charmoso; é difícil zangar com ele. Sempre manifesta alguma opinião, mesmo que não tenha certeza daquilo que acredita. Sua natureza é vibrante, inquieta, sempre em busca de uma válvula de escape para expressar-se. Está sempre disposto a correr riscos para ampliar seus horizontes.
É o filho que sai da casa paterna em busca do novo, de aventuras, do encontro do próprio caminho e da construção de sua estrutura própria. Freqüentemente, retorna como o filho pródigo e se reintegra na estrutura familiar. O filho do Faraó costumava sair em campanha para buscar riquezas, terras férteis, novas fontes de abastecimento do reino e de locais sagrados para implantação de Templos.
Gosta de desafios e enfrenta trabalhos árduos e envolvendo riscos, não tanto visando uma vitória, mas sim por Ter muita energia e gostar do que faz. Na ausência de compromissos práticos e palpáveis, gerados pelo desenvolvimento de outros arquétipos para contê-lo, tende a ser irrequieto e mudar constantemente de emprego, por motivos, até mesmo, fúteis, ou por simples perda de interesse, o que não é bom para aqueles que dependem dele. Adota este mesmo padrão descompromissado nos seus relacionamentos amorosos.
Subjetivamente, passa a ser impelido pelo imenso temor da monotonia, o que o empurra de um lado para o outro em busca de novas aventuras ou novas fontes de prazer. Acaba correndo o risco de encerrar a sua vida sozinho, sem nada de palpável para mostrar como realização. Um ego exacerbado pode conduzir a uma mente estreita e resistente a qualquer desenvolvimento.
Todos os cavaleiros dispõem da energia da transformação que os habilita a romper padrões restritivos do ego. O Cavaleiro de Paus contém a essência do Espírito do iniciante da civilização e do que provoca o seu florescimento. É o espírito que inspira os outros e ajuda a difundir a luz e a moralidade no mundo. Ele tem que aprender a servir; só ele tem o espírito para ajudar o mundo.
Confúcio assim se manifestou sobre este tipo de pessoa:
“O homem superior repousa antes de se mover; ele compõe a mente antes de falar; ele torna suas relações firmes antes de pedir algo. Observando estas três regras, o homem superior ganha segurança completa. Mas se o homem for brusco nos seus movimento, os outros não irão cooperar. Se for agitado nas suas palavras, elas não despertarão eco nos demais. Se pedir algo antes de ter estabelecido relações, isso não lhe será dado. Se ninguém está ao seu lado, os que podem prejudicá-lo se aproximam.”
Seis de Copas – Arcano 45 – Regeneração
Representação – o conteúdo deste Arcano está fortemente concentrado na Coluna Djed. O simbolismo deste emblema é controvertido. Para alguns egiptólogos, representa os 4 pilares do céu, para outros a coluna vertebral do deus Osíris. Parece que na realidade, o DJED representa o osso sacro do deus. É um símbolo de Osíris, da sua ressurreição, pois uma cerimônia muito importante, em princípio realizada pelo faraó, tinha lugar em determinada época do ano, e esta cerimônia consistia na elevação do pilar DJED. Simbolicamente, elevar uma coluna DJED significava dar o poder da vida, ressuscitar o deus Osíris. Interessante notar, que o amuleto se liga ou se relaciona com a coluna vertebral e as forças que por aí fluem.
Quando representado com braços e olhos, o símbolo DJED alude à árvore que, segundo o mito osiriano, abrigou e envolveu o corpo inerte do deus. Devemos relacionar a ideia da elevação do pilar DJED com uma das passagens do Ritual da Abertura da Boca, onde a múmia era colocada em posição vertical, pois a postura horizontal tinha para o egípcio, o significado de inércia, de morte. O uso de um amuleto DJED significava, pois, ressurreição, estabilidade, resistência, forca e vida eterna. O triunfo continuado dos poderes da vida sobre a passividade e a decadência.

Neste Arcano encontramos a Coluna ou Pilar DJED tanto no plano espiritual como no astral, sendo que neste último está representada a cerimônia acima aludida na qual o Faraó realizava e elevação do Pilar DJED.
No plano material aparece uma espiga de trigo, cereal cultivado no planeta há milhares de anos sem, no entanto, que conheça, até hoje, a sua verdadeira origem. Os egípcios consideravam o trigo uma dádiva dos deuses que teria sido entregue à humanidade para garantir a sua subsistência, tratando-se, portanto, de um alimento de origem extraterrestre. A renovação da fertilidade e a continuidade do ciclo de vida e morte. Símbolo do conhecimento imortal.
Planeta – Marte – Impulsionador para o novo.
Lei Contida – 14 (9+5) – O prazer e a realização de ter passado por uma iniciação interior e tornar-se dono de uma experiência que é sua, testada através do seu próprio esforço.
O Seis de Copas nos apresenta situações de superação de dificuldades através do esforço próprio, elevando a nossa auto-estima e trazendo o equilíbrio emocional. A representação da coluna erguida no plano espiritual indica a nossa capacidade e o apoio das forças superiores para suplantar as dificuldades e as provações. Cabe a cada um de nós realizarmos o esforço para o seu soerguimento, como está representado na parte intermediária do Arcano.
A saída de situações de conflito exige que seja feito uso das energias marcianas disponíveis no arcano – iniciativa, coragem e dinamismo. A Lei 14 presente no Arcano fala de Temperança. O equilíbrio está dentro da Temperança, mas ela vai muito além dele, pois o equilíbrio é estático e a temperança é dinâmica. Para que os elementos em equilíbrio possam produzir algo novo é necessário que eles sejam manipulados e utilizados sem perder a sua harmonia. A temperança é a virtude que permite combinar elementos distintos num todo harmonioso. Mais do que moderação e equilíbrio, trata-se de um processo alquímico que cria algo totalmente novo. É a temperança que viabiliza a arte.
Esta deve ser a postura do soerguimento do pilar, da ressurreição, da volta por cima depois passar pelas provações e sacrifícios e equilibrar as diversas facetas da personalidade utilizando este equilíbrio de uma forma produtiva e útil, sem deixar que ele se perca. Isto fica mais fácil depois das experiências vivenciadas que ficam profundamente registradas no nosso arquivo de conhecimento e se transformam no trigo do conhecimento imortal que alimenta a nossa existência.
A presença do Seis de Copas, portanto, aponta para um período de soerguimento, deixando para trás o passado, e continuando a caminhada com base em novos valores e conhecimentos, com uma disposição renovada, em busca do alinhamento final entre o pilar individual e o pilar divino do qual recebemos a energia.
Cinco de Ouros – Arcano 74 – a Oferenda
Representação – No Plano Espiritual a figura do Faraó, encarnando o poder temporal e o poder divino, sentado no seu trono. O fundo laranja indica ênfase ao poder material.
No Plano Astral, vemos uma mulher em posição de devoção voltada para a esquerda, denotando passividade. Sua veste violeta indica espiritualidade e capacidade de doação
No Plano Material aparece uma mulher sentada com a cabeça voltada para trás. As cores representam um idealismo que pode estar sendo ameaçado.
Planeta – Lua - a Lua reflete a luminosidade do Sol. A falta de luz própria faz com que ela busque seus referenciais fora de si o que pode trazer instabilidade e uma dependência muito grande de forças exteriores. O conhecimento lunar é um conhecimento indireto que interpreta e filtra a realidade objetiva transformando-a numa outra realidade, subjetiva, mais próxima do sonho e do inconsciente.
Lei Contida - 14 (2+12) – o prazer de ser protetora e serviçal. Indica a possibilidade de extrema dedicação, chegando às raias do sacrifício, jogando todas as suas energias na alimentação de um ideal, relacionamento, crença ou liderança.

O cinco de ouros representa, mais provavelmente, o primeiro contato com o mestre interior. O início da submissão a algo superior, porém de forma ainda muito voltada para a matéria. Assim o indivíduo fica sujeito aos riscos de descambar para a idolatria a uma pessoa, ou para certo fanatismo religioso.
Não é uma situação confortável, pois existe um sentimento de esmagamento entre um poder maior e algo que não é visto, porque a atenção está voltada para a direção errada. É o que nos mostra a figura do Arcano, onde a mulher se curva em devoção entre o poder do plano espiritual e uma vivência material na qual ela olha para a direção contrária. Há o início de uma percepção da necessidade de se curvar a algo superior para conseguir a energia extra para suplantar as limitações e vencer os obstáculos, ou continuar dando murros em pontas de facas. É um processo de entrega para o qual o indivíduo pode não estar completamente preparado.
Nessa fase existe o risco do abandono do caminho que estiver sendo seguido ou do processo no qual se está engajado, pois a eventual falta de retorno concreto ao esforço de doação empreendido pode trazer a decepção e a subjetividade. Note-se que o objeto da devoção está, neste momento, envolto pelos aspectos materiais, o que tende a exigir resultados concretos.
Nunca é demais alertar para os perigos de uma devoção exagerada, especialmente a outros seres humanos, estabelecendo para eles padrões irreais e subjetivos de perfeição pois, nem sempre, estamos dispostos a admitir neles as falhas humanas naturais e a conseqüência é a decepção e o desestímulo. A única coisa que pede ser exigido de qualquer pessoa é a coerência de suas atitudes.
A mestria é um processo individual: não é o mestre que ensina, mas o discípulo que aprende. O verdadeiro conhecimento só é conseguido através de acesso direto a ele. A experiência de cada um, por maior que seja, só serve para quem a viveu. Todos precisam ter as suas próprias experiências para conseguir o entendimento.
A instabilidade emocional pode fazer ruírem os sonhos que constituem a realidade que foi construída e levar à busca de novos caminhos e novas inspirações.
A presença de um cinco de ouros pode representar um indício de que é hora de fazer valer a força de vontade para expandir os próprios limites e superar obstáculos. O caminho da oferenda é um período de ajustamento em que temos de aceitar as nossas dificuldades e imperfeições sem abrir mão da vontade de alcançar níveis superiores: “eu sou assim e é com este conteúdo que vou prosseguir o meu caminho, enfrentando as dificuldades, sem desânimo, até encontrar o meu ponto de apoio seguro”.
O encontro desse apoio seguro é que traz para a situação a lei 14 objetiva – a satisfação e alegria de ter encontrado o caminho e conseguido o entendimento da vida que faz com que os sacrifícios, sempre necessários, sejam encarados com prazer e alegria.