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ARCANO XXII – O LOUCO     LEI XXII – LEI DA RELATIVIDADE

     Esta energia fecha a última Tríade dos processos humanos (20-21-22), trazendo para eles um encerramento natural, mas, mesmo assim, a natureza do seu terceiro elemento continua o mesmo – deve determinar o momento exato e a utilidade do resultado obtido, ou seja, a oportunidade.

         Mas, todos sabemos que lidar com finais e encerramentos não costuma ser fácil, porque em finais de processo a perspectiva se desloca para o que fazer com o resultado que pode, ou não, ser o que era esperado. Uma coisa, no entanto, é certa – nenhum processo está realmente encerrado se não conseguimos isolar a sua essência, qualquer que seja o seu desfecho. Um exemplo simples e concreto coloca a opção de embolsar um lucro ou reinvesti-lo e esse simbolismo pode ser aplicado a tudo na vida. Uma experiência, de qualquer natureza, pode nos elevar a um outro patamar, ou nos ensinar uma lição, para não reincidirmos no erro. Encerrar um processo tem muito a ver com o grau de desapego que conseguimos imprimir a ele, pois não podemos esquecer que a energia do Arcano XX é a que provê a entrada para esta Tríade encerrada pelo XXII.

       O final de um processo sempre injeta uma dúvida : “ – Paro por aqui, ou continuo?” Este pode muito bem ser o ponto de início de outro processo e, assim, o XXII é o “Alfa” e o “Ômega” e, portanto, a energia desta Lei carrega um grande potencial de dúvida, insegurança e ambiguidade. A Lei entrega uma energia que não leva em consideração como o processo foi conduzido ou até onde conseguimos chegar. Assim, caso não consigamos entrar em sintonia com ela e perceber a sua atuação, acabamos sendo levados a comportamentos que são impressos em nós como se, realmente, tivéssemos alcançado aquele nível de fim de processo esperado pelo Universo na sua ordenação natural, o que dificilmente acontece.

       Aqueles afetados pela energia dessa Lei comumente desenvolvem uma sensação de “déjà vu”, e uma falta de interesse por novos desafios, como se já tivesse vivido tudo e nada mais houvesse a explorar. Como consequência natural advém o sentimento de “dono da verdade”, procurando dar sempre a última palavra, imbuído do sarcasmo e da condescendência que sempre o acompanham. Fica difícil encontrar uma atividade ou um trabalho “interessante”, ou até mesmo uma vocação, no sentido correto do termo de um “chamado” em determinada direção.

        O confronto com a decisão Alfa/Ômega provoca a fuga de posições firmes e dos confrontos diretos e costuma adotar como seu mantra de vida o “depende da situação”, característica que leva à relatividade que dá nome à Lei. Argumentador contumaz, usa em sua defesa a posição do “Advogado do Diabo”, através da qual pode expressar suas opiniões sem entrar em confrontos diretos, pois odeia a possibilidade de vir a ser derrotado. Por esse mesmo motivo, protege-se contra eventuais decepções e danos emocionais empurrando o seu lixo emocional para baixo do tapete, escondendo suas verdadeiras emoções, como uma criança que ao levar uma palmada escapa com a conhecida frase “ – Não doeu...”

     A rigor, se tudo corresse como quer o Universo, o personagem do Arcano, ao se apossar de seus dons deveria  alcançar um elevado grau de integração com o Universo – uma consciência elevada e uma percepção precisa do seu funcionamento. Mas, ao chegar a esse nível, ele se distanciaria tanto de seus semelhantes, que ninguém mais o compreenderia. Aqueles que lidam e convivem com o personagem se sentiriam mal, por não conseguirem entendê-lo e por não dar ele qualquer explicação sobre si mesmo ou se preocupar em discuti-las. Seu verdadeiro rosto e o seu caráter não poderiam ser vistos, o seu verdadeiro Ser não estaria ao alcance deles, pois eles não conseguiriam manter o seu nível vibracional.

      É desta forma que a Lei XXII, como qualquer Lei, exerce a sua pressão sobre os indivíduos. Ela não quer saber se eles estão preparados para lidar com ela ou não. Essa energia é “despejada” sobre a criatura, quer esteja ela preparada ou não, transformando-os em meros arremedos daquele personagem ideal que deveria surgir, achando que são algo que na realidade não conseguiram alcançar. Para  os afetados por esta Lei, as principais consequências são a permanente dificuldade de assumir posições, pela falta de certezas causada pelo que deveria se originar de uma visão ampla do Universo, não existente na realidade vivida, mas sugeridas pela Lei nas suas mentes, bem como a sensação de já terem vivido tudo o que lhes é oferecido e se sentirem no direito de serem sarcásticos e irreverentes com o conhecimento e a tradição.

     É comum que essas pessoas desenvolvam uma mente filosófica aguçada que, aliada à sua inteligência, pode acabar atraindo admiradores ou seguidores, normalmente portadores da Lei XVI, que acabam por implementar suas ideias através de uma liderança e de uma militância que ele próprio não é capaz de praticar. Uma maneira comum de nos referirmos a esse tipo de pessoa é dizendo que elas vivem em “outro diedro”, ou seja, são desligadas do mundo real e têm dificuldade de vivenciá-lo, o que pode ser dito também em relação a Lei I que dá inicio a novos processos. Há que entender, portanto, esta zona de transição, na qual algum tipo de desorientação pode ser sempre esperado. As pessoas que vivem intensamente esta Lei são “diferentes”, o que é uma qualificação mínima que, de alguma forma, pode descrevê-los.

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