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ARCANO XX – A RESSURREIÇÃO    LEI XX – LEI DA PROPRIEDADE

     Este é um Arcano que tem um grande significado na vida de qualquer Ser Humano. Infelizmente, graças às suas representações, existe uma tendência para que seja dada a ele uma interpretação que se aproxima muito mais dos aspectos religiosos que são extraídos das imagens de suas várias versões, do que da busca do entendimento das suas energias que poderiam ser utilizadas em nosso benefício. De nada vale conhecer um Arcano ou uma Lei se ela não se aplicar à nossa vida enquanto estamos vivos. Os vários nomes que ele assume como “A Ressurreição dos Mortos” ou “O Julgamento”, não podem simplesmente ser encarados literalmente.

     Se olharmos pelo lado do Espírito, da Essência, da Centelha que nos é atribuída para animar um corpo, é bem provável que as limitações impostas pelo corpo físico representem para ela algo semelhante a um túmulo onde ele deve se sentir confinado e incapaz de manifestar todo o seu potencial. Assim, nascer para o mundo material seria o mesmo que morrer para o mundo espiritual. Ressuscitar após uma morte física, então, seria um retorno ao mundo espiritual, com um corpo representado pela Alma, um invólucro sutil para as experiências adquiridas, mas ainda um corpo. É exatamente isso que mostra a figura do Arcano XX do Tarô Egípcio, onde o corpo mumificado é abandonado e o BÁ, representado pelo pássaro com cabeça humana alça voo em direção à liberdade. É neste voo que ele precisa estar leve, libertando-se de tudo que pode prendê-lo no Plano Material e dificultar a sua jornada. É aqui que é necessário vencer o apego.

     A energia do controle está presente de forma marcante em três arcanos ou Leis com as quais temos de lidar – no II o controle mental, no XI o controle ostensivo através do mando direto e no XX, que estamos vendo agora, pelo sentimento de posse que gera o apego. O nome desta Lei – Lei da Propriedade – não poderia ser mais sugestivo. Um dos principais ingredientes que contribuem para apegar as pessoas e do qual a maioria não se apercebe é o senso de responsabilidade que a energia deste Arcano imprime e que torna as pessoas protetoras em relação a um determinado objeto. Isto nos faz “vestir a camisa” da empresa onde trabalhamos, nos obriga a proteger os bens pelos quais nos julgamos responsáveis, nos torna tradicionalistas ao preservar um histórico familiar ou profissional e nos compele a querer manter amizades, relacionamentos, empregos, moradias, o que traz a dificuldade de desatar laços, mesmo quando chega a hora de fazê-lo. Na esteira dessas posturas, podemos nos tornar acumuladores de quinquilharias por achar que podemos vir a precisar... um dia.

     A responsabilidade é uma virtude louvável, mas temos que entender com exatidão os seus limites. Não podemos, ou pelo menos não devemos assumir responsabilidades fora da nossa competência ou além das nossas possibilidades, mas é exatamente isso que os portadores desta Lei costumam fazer, apenas para depois se sentirem “carregando o mundo nas costas”. As responsabilidades profissionais podem frequentemente relegar o convívio familiar a um plano secundário, o que precisa ser administrado. Há que ter cuidado com a identificação com as estruturas, esquecendo a própria individualidade. Um bom exemplo dessa postura é o do personagem criado pelo humorista Chico Anísio – o Bozó – cujo frase de apresentação era “ – Trabalho na Globo...”

     O tipo de cultura desenvolvido pela nossa sociedade atual incentiva este comportamento quando valoriza as pessoas pela estrutura à qual pertencem e não pelo seu mérito individual. Quem nunca ouviu uma secretária responder a um chamado com a invariável frase :“ – Fulano?  De onde?“, que deve constar de um script pré-estabelecido, que poderia perfeitamente perguntar sobre a natureza do assunto da chamada. Na realidade, as secretárias são um excelente exemplo das energias de controle a serviço da blindagem dos seus chefes, bafejadas que são, normalmente, pela energia da Lei II que as tornam boas ouvintes e confidentes, filtrando nos dois sentidos. Não é atoa que muitas se tornam verdadeiras eminências pardas.

    Uma consequência natural, mas indesejada, da atuação da energia da responsabilidade é a preocupação. Os que possuem esta Lei em seus Eneagramas costumam desenvolver este sentimento a tal ponto que pode gerar desconforto em suas vidas. A preocupação é exatamente isso que o nome sugere : pré/ocupação, isto é, antecipar consequências que ainda não se concretizaram. Se for possível evitá-las, ótimo. Mas como na maioria das vezes isso não é possível, é melhor esperar que elas se materializem para então tentar resolvê-las com medidas concretas. Vale a pena tentar...

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