ARCANO II - A SACERDOTISA LEI II - LEI DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA

SIMBOLISMO
A percepção do simbolismo das imagens dos Arcanos contribui de forma decisiva para o entendimento da atuação das energias envolvidas nas Leis Universais. Vamos dedicar esta primeira parte do estudo da Lei II a uma tentativa de exploração desse simbolismo no Arcano II do Tarô Egípcio.
A Sacerdotisa aparece nos Diversos Tarôs sempre numa postura sentada, de espera, observação e principalmente de reflexão, esta é a palavra-chave, para captar e entender a energia sempre em movimento e fugaz que a Lei I despeja sobre ela. Neste nível vibracional não ocorre uma manifestação concreta, o que temos é uma energia refletida pela resistência oposta pelo “espelho”, mas consegue ser percebida e, pela reflexão mental, pode ser compreendida. É uma energia puramente mental. A Reflexão é o mecanismo que faz as vezes do receptáculo que permite que as ideias e pensamentos possam ser retidos para observação.
A energia cósmica que alimenta este Arcano é a de Ísis-Hathor, Deusa egípcia da fecundidade, maternidade, amor e proteção. A energia da Grande Mãe. O símbolo que aparece no Plano Espiritual é o dessa Deusa, um disco sustentado por um chifre bovino. O disco, semelhante ao solar, mas neste caso de cor opaca, caracterizando um disco lunar, sem luz própria, apenas refletindo a luz do Sol, astro cuja energia influencia o Arcano I – O Mago, enquanto o planeta que rege o Arcano II é a Lua. As coroas do Alto e Baixo Egito unificadas, na sua cabeça, invadem o Plano Espiritual para captar as energias desse plano e trazê-las para a manifestação.
Ela está sentada entre duas colunas que representam as duas colunas do Templo de Salomão Jachin e Boaz, uma clara e outra escura, a dualidade mental trazida pela reflexão, estabelecendo como que um limite, uma separação entre o mundo manifesto e a sabedoria oculta que está “velada” por véus em forma de cortinas entre a colunas e pelo véu que cobre o rosto de Ísis no Arcano do Tarô Egípcio. A Sacerdotisa é a Guardiã desse mundo e só oferece a sua chave àqueles que se dispõem a buscar esse conhecimento e enfrentar todos os riscos envolvidos nessa jornada. O livro no seu colo representa os arquivos ocultos, ou inconscientes, cujos conteúdos precisamos resgatar, mas que só aqueles que tiverem a chave conseguirão. A Cruz Ankh na mão direita da Sacerdotisa simboliza a chave para a eternidade e o seu posicionamento à altura do coração indica que não é pela mente que isso será conseguido e sim pelo Entendimento e pela Compreensão, sentimentos que nada têm de racionais – esses atributos só são conseguidos quando o coração é tocado.
O acesso a esse conhecimento neste nível se faz sempre de forma direta e se classifica como “revelado”, ou seja, algo do qual foi tirado o véu que o ocultava. “Revelar” significa exatamente isso: descobrir, tirar o véu, deixar ver o que estava oculto.
É interessante introduzir aqui a ideia de “memória horizontal” e “memória vertical”. A memória horizontal traz para o presente o que era passado e ocorre no eixo horizontal do tempo – o eixo das mudanças. Já a memória vertical é a que traz “para baixo” o que “estava em cima”. A revelação é uma recuperação vertical de memória, pois ela se faz no eixo vertical do atemporal, no eixo do “agora” – o eixo das transformações.
“O vento sopra onde quer, você escuta o seu som, mas não sabe de onde vem, nem para onde vai; assim ocorre com todos os nascidos do Espírito.(João 3:8)"
Esta citação do Evangelho traduz com exatidão a dificuldade em capturar o que está acima de nós. O renascimento do Espírito, do qual Jesus falava a NIcodemus é, na realidade, uma subida no eixo vertical da transformação consciencial, obtida quando se está atento e sabemos aproveitar o “vento”, sem deixar que ele simplesmente passe por nós. É a vela que impulsiona o barco, ou o moinho que gera energia, bastando para isso que demonstremos estar cientes de sua presença e a intenção de tirar proveito dele.
Este Arcano e Esta Lei fazem parte da Tríade 1-2-3 que precisa ser encarada como tendo uma atuação conjunta. Todo conhecimento deve ser utilizado pois ao ser simplesmente acumulado torna-se altamente intoxicante. O reconhecimento da utilidade desse conhecimento irá depender da atuação do terceiro elemento da Tríade.
ARCANO II - A SACERDOTISA (PARTE 2)
LEI II – CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
A denominação deste Lei encerra muitos desdobramentos que podem nos dizer muito sobre a natureza das energias por ela dispensadas. Conservar significa, basicamente, manter, de alguma forma, qualquer coisa, com todos os motivos geradores e implicações daí decorrentes.
Esta Lei é a segunda da Tríade 1-2-3, portanto passiva, ou seja, ela oferece uma resistência à propagação da energia cujo fluxo se quer controlar. Nesta etapa do processos estamos falando de energias puramente mentais e o controle neste nível pode tomar a forma de “manipulação” que é uma prática impopular, especialmente por parte dos que são alvo dela. As pessoas não se incomodam de ser persuadidas, provavelmente por considerarem esta uma abordagem frontal, ao passo que uma “manipulação” bem sucedida muitas vezes não precisa nem de palavras. Mas, a persuasão contém a mesma energia da Lei II, agora comentada, numa oitava superior. Como veremos mais tarde, a Lei XI dispensa essa energia na segunda oitava, um pouco mais densa – decompondo numericamente, 11 >>> 1 + 1 = 2 .
Já no caso da Lei II, o que temos é uma energia mental sendo projetada diretamente, ou através de atitudes, comportamentos ou ações que visam, especificamente plantar uma ideia na(s) mente(s) que se quer alcançar. Além disso, dentro do mesmo contexto, é de se esperar que uma energia predominantemente mental tenha dificuldade de se expressar de forma concreta e busque outras formas de comunicação. Nesta Lei vemos aparecer as “Eminências Pardas” que exercem o controle, nos bastidores, sem aparecer publicamente. A principal ferramenta da mente para exercer o controle é o poder de observação, sempre atento às mudanças no meio ambiente que possam impedir ou dificultar o exercício do controle, portanto sua tendência natural é a de opor-se a elas.
Esta energia traz, portanto, o conservadorismo a tendência para a manutenção do “status quo” e o cultivo das tradições. Estas atitudes decorrem do sentimento de que é necessário preservar e proteger o que está sob seu controle ou é de sua responsabilidade, assim como as mães protegem as crias e os todos os criadores buscam defender suas obras. O simbolismo da imagem do Arcano com a Sacerdotisa sentada e voltada para a esquerda sugere exatamente isso – aversão ao movimento, tendência à imobilidade, com pouca atividade física e motora (veja a primeira parte). Você pode achar, por exemplo, que é muito melhor receber visitas do que visitar. Não sabe por quê? Porque em casa você está no controle. Se isso é verdade no seu caso, provavelmente esta energia é forte em você.
A característica mental da Lei imprime uma postura reservada, com pouca fala, dando aos seus portadores uma aparência de seriedade e sobriedade que inspira confiança. A fala oportuna e parcimoniosa abre o caminho para serem bons/boas ouvintes e que a eles seja atribuída a fama de sabedoria, bons conselheiros e confidentes. Não raro, são procurados por pessoas ávidas em descarregar seus problemas e frustrações. O risco é o de se deixar envolver emocionalmente por essas situações e assimilar toda a carga energética negativa, enquanto o seu “consulente” sai do processo aliviado. Como regra, nunca devemos permitir que nossos ouvidos sejam transformados em cestas de lixo energético.
Os portadores desta Lei em seus Eneagramas devem cuidar bem daquilo que pensam ou desejam, porque costumam ter grande facilidade de projetar essa energia dando origem a “formas pensamento” que podem afetar terceiros ou a eles próprios, pois precisam tirar de algum lugar a energia para sobreviverem. Pensamentos erráticos ou pragas rogadas de forma aparentemente inocente em arroubos de irritação podem causar transtornos a si mesmo e a terceiros. Por outro lado, materializar uma vaga no estacionamento pode ser até bastante útil.
Num contexto em que falar já não é o forte e sim pensar, quando as coisas não correm como desejado a tendência é se fechar ainda mais e se concentrar nos pensamentos que, neste caso, nunca são de otimismo, claros ou objetivos. O trabalho mental se exacerba e não é raro vermos grandes obras literárias, musicais ou artísticas nascerem em momentos de “fossa” de seus autores. Se a saída não é pela palavra, a mente busca outras alternativas que não precisem desse recurso.
Muitas vezes somos taxados de “manipuladores” sem mesmo nos darmos conta de que estamos fazendo isso e acabamos nos achando injustiçados. É a energia da Sacerdotisa, da Lei II, atuando sobre nós. Por isso é tão importante conhecermos as Leis do nosso Eneagrama e onde elas estão situadas.
