ARCANO XV – O DIABO LEI XV – LEI DA PAIXÃO
Tanto o simbolismo como os reflexos desta energia na nossa vida diária estão detalhadamente expostos na descrição da Lei no Site, no botão das Leis Universais e, portanto, não me deterei nesses aspectos. Preferi enfatizar aqui alguns aspectos da sua atuação sobre nós para os quais precisamos estar em permanente alerta.
O primeiro ponto a considerar é a transitoriedade da sua atuação, pois embora o tempo durante o qual ela causa seus efeitos seja pequeno, ela pode causar enormes estragos. Este é o motivo pelo qual ela é assemelhada a um turbilhão, a exemplo dos tornados, que duram muito pouco comparados a um furacão, mas deixam na sua passagem danos desproporcionais. É exatamente assim que funciona a energia da Paixão, toldando a razão e provocando o aparecimento do segundo efeito que queremos discutir – uma Lógica Própria, capaz de justificar as atitudes e comportamentos em defesa do objeto da Paixão, por mais estranhos, controversos e amorais que possam parecer. Toda tentativa de desqualificar o seu alvo, qualquer que seja ele, pessoa, causa ou ideia, resultará infrutífero. Haverá sempre um motivo que, aos olhos do apaixonado, justifica a manutenção da posição defendida. O confronto direto nunca funciona nesses casos.
Esta lógica peculiar e própria encontra justificativas, argumentos e caminhos para defender qualquer atitude, “puxar a brasa para a própria sardinha”, sem qualquer remorso, porque não consegue enxergar qualquer caminho diferente. A amoralidade é uma manifestação inequívoca de lógica própria.

Não se pode negar que esta energia carrega um poder e uma força muito acima do normal, capaz de mantê-la em ação e resistente enquanto durar. A única alternativa é aproveitá-la de forma construtiva e objetiva. A natureza da energia dispensada é sensual, no sentido material de manifestação através dos sentidos físicos. Uma das formas de dissipar essa energia é através dos exercícios físicos. É comum vermos pessoas “descarregar a sua raiva” socando sacos usados por pugilistas (“punch bags” de onde vem a expressão “saco de pancadas”). Talvez uma das mais cabais demonstrações da natureza física dessa energia, por analogia, seja a constatação de que os tornados precisam estar em contato com o solo durante a sua trajetória de destruição. As pessoas afetadas por essa Lei sentem na própria pele esses efeitos. Pela necessidade de extravasarem essa energia, seus organismos acabam produzindo quantidades extra de adrenalina que prepara o corpo para enfrentar situações que exijam grande consumo de energia. Assim, identificamos pessoas que se dedicam a atividades que envolvem riscos ou consomem doses gigantescas de energia, como esportes radicais, aventuras inusitadas ou proibidas e até mesmo trabalhos desafiantes. Não seria exagero descrevê-las como “viciadas em adrenalina”. Da mesma forma, a expressão corporal acaba se tornando muito importante para os afetados pela Lei.
Os prazeres artificiais desfrutados pelo corpo através dos sentidos também acabam desempenhando seu papel quando as situações de vida não conseguem trazer satisfação. Descarregar na comida, no sexo, no fumo, bebidas ou drogas são alternativas viciantes por eles encontradas nesses casos. Veremos na Tríade seguinte que é possível canalizar essa energia para a construção de algo útil, em vez de permitir que ela tome conta de nós e acabe nos destruindo. Uma energia tão poderosa, sem controle, acaba produzindo uma “explosão”, em qualquer dos sentidos do termo desde as cenas temperamentais até os próprios danos físicos.
Todos os dias assistimos episódios de acessos de raiva e “explosões” de temperamento e no momento seguinte, passado o efeito do turbilhão, aquele que os manifestou nem se lembra do ocorrido, chegando a negar ou desmentir o fato. Mas o dano já foi feito. O alvo dessa energia que se ofender num momento desses está perdendo tempo e energia.
É preciso, portanto, estar atento às manifestações de lógica própria, às explosões e às tendências viciantes, pois é bem provável que estejamos sobre os efeitos das energias desta Lei.
