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ARCANO XIII - A IMORTALIDADE       LEI XIII - LEI DA VIDA E DA MORTE

PARTE 1 – SIMBOLISMO

   O Arcano XIII é representado em vários Tarôs por uma figura macabra de esqueleto ou algo semelhante que remeta à morte. Não é uma representação muito feliz ou útil para os que utilizam a ferramenta como caminho de autoconhecimento e desvia o foco para aspectos divinatórios que acabam limitando o seu real significado.

     A figura ativa do lavrador ceifando o solo remete à necessidade de abrir espaço para que novas sementes possam germinar no lugar antes ocupado pelo que já está maduro e não pode mais gerar frutos. É uma imagem de transformação e mudança; de um cultivo que deve ser empreendido pelo próprio lavrador no seu trabalho diário. No plano espiritual, vemos duas flores de papiro que formam uma espécie de umbral ou portal entre os dois planos. Símbolo do conhecimento que é, o papiro pode significar que o portal só poderá ser transposto através do conhecimento. A cor violeta daquele Plano simboliza a possibilidade de transferir para o plano intermediário uma grande sensibilidade quando é conseguida a ultrapassagem desse portal. As flores de lótus no Plano Astral, fechando e abrindo a cada anoitecer e amanhecer, são o símbolo do renascimento e das permanentes mudanças sofridas pelo ser humano.

     Numerologicamente, segundo as formas tradicionais que regulam o simbolismo dos números, o doze representa o ciclo completo, não podendo ser transmutado senão por uma contribuição exterior, tendo uma mudança do princípio determinado originalmente no ciclo. Eis porque o 13, isto é, 12+1, corresponde ao fim de um ciclo, a morte de um estado para que se possa renascer melhor no seguinte.

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    O número 13 é também considerado por muitos de mau agouro. Tal superstição decorre, provavelmente, da observação dos inúmeros casos em que a figura central de um grupo de 13 desaparece, como no caso de Jesus, Júlio César, Felipe da Macedônia e outros exemplos. A partir de então se desenvolveu a crença de que sempre que se reúnem 13 pessoas, uma delas está destinada a “desaparecer”. Na realidade, a crença popular está longe de imaginar uma causa matemática por trás da Lei que governa esses eventos. Da mesma forma pela qual um círculo pode conter sete círculos menores de um terço do seu diâmetro, também uma esfera – a visão espacial do círculo – pode conter dentro de si treze esferas menores de diâmetro um terço do seu. Neste caso, a décima terceira esfera, a que ocupa o centro, “desaparece”, invisível ao mundo exterior, encoberta pelas doze outras que a circundam – ela “morre” para o exterior.

      É curioso como o destino parece conhecer e fazer cumprir essa Lei matemática, pois grandes líderes, políticos, religiosos, militares, rodeados por doze elementos, como nos casos citados e muitos outros, frequentemente, “desaparecem”.

     O Arcano está também associado à letra hebraica MEM cujo valor numérico é 40. A aliança com Noé vem após 40 dias de dilúvio; Moises é chamado ao Sinai depois dos 40 anos em que o povo judeu errou pelo deserto; Jesus enfrenta as tentações do demônio por 40 dias no deserto.

     Quarenta corresponde à maturidade alcançada através da força de vontade que faz suplantar as crises, por mais dolorosas que possam se tornar. É um número que marca a realização de um ciclo de espera, de preparação, de provação ou outro qualquer. Um ciclo que não leva à repetição, mas à mudança radical, a uma libertação.

     Este número desempenhou papel preponderante nos rituais fúnebres de vários povos, como o número de dias necessário para que os defuntos fossem considerados efetivamente desembaraçados da alma e pudessem ser considerados mortos. Na cerimônia desse dia – a quarentena – era suspenso o luto e terminavam as restrições do resguardo. A quarentena de hoje decorre dessa crença.

ARCANO XIII – A IMORTALIDADE LEI XIII – LEI DA VIDA E DA MORTE

PARTE 2 – REFLEXOS NA VIDA REAL

     A Lei XIII completa a Tríade 12-X-13 que, como pode se visto, é incompleta por faltar seu componente passivo/receptivo, representado pelo X. Todas as Tríades de Recepção – as que iniciam cada Ciclo – têm esta configuração e, portanto, tendem a oferecer dificuldades ao prosseguimento dos processos.

     Para melhor entender a atuação da energia nesta etapa, é preciso lembrar que esta fase é denominada “Infraestrutura”, ou seja, o primeiro passo no ciclo de materialização é o estabelecimento das bases necessárias. É notória a tendência na vida real de relegar esta etapa a um plano secundário. Vários motivos poderiam ser listados para explicar esse comportamento, mas o principal talvez seja a falta de visibilidade das infraestruturas. Montar uma infraestrutura exige esforços e custos cujos retornos não podem ser contabilizados a curto prazo. Todos são unânimes em admitir a sua necessidade, mas muito poucos aqueles que se dedicam a estabelecê-la a priori como pré-requisito para o sucesso.

     Nesta Tríade os processos mental e material estão muito ligados e tendem a se confundir. A falta de visibilidade desta etapa se reflete nos executores do processo exigindo deles abdicar do destaque e dos “holofotes” enquanto ela durar. É exatamente isso que a energia da Lei XIII precisa imprimir no seu portador e que, na maioria dos casos, é muito difícil de conseguir. É nesta etapa que pode ser constatada a importância da existência de um propósito definido e firme para que qualquer sacrifício (sacro-ofício) seja consumado. É a clara visão desse objetivo que pode proporcionar a possibilidade de assegurar que o desejo e a determinação de ir adiante prevaleçam e permitam abdicar dos resultados e recompensas nesta etapa, na certeza de que eles serão colhidos, em algum momento e de alguma forma, no decorrer do processo.

     A própria imagem do lavrador arando a terra retratada no Arcano sugere que aquilo que não pode mais dar frutos deve se deixado para trás para dar espaço para a semeadura de uma nova colheita. A vida é mudança permanente e este é o conteúdo da energia deste Arcano. Mas a mudança pode se tornar assustadora se não estivermos preparados para experimentá-la. Não é sem motivo que esta energia ocupa a primeira tríade do ciclo de materialização, pois experimentar é um requisito indispensável para “gostar” de algo, avaliar o caminho seguido e acumular novos conhecimentos. Sucumbir ao medo da mudança, ao conforto do conhecido, nos priva da oportunidade de ampliar os horizontes. Mas acontece com frequência.

    Toda manifestação exterior diferente é sempre precedida de uma mudança interior. O que se torna necessário é conciliar as duas. Ao contrário do que acontece na Lei I, onde temos de nos adaptar às mudanças exteriores, aqui as mudanças vêm de dentro de nós mesmos e precisamos manifestá-las sem receio. É comum percebermos que nossas preferências, gostos e crenças não são mais as mesmas, mas ainda assim termos dificuldades de abandoná-las e abraçar as novas descobertas. O habitual é sempre mais confortável e neste caso nos falta aquela determinação e a vontade para experimentá-las – é a falta do aspecto passivo da Tríade dificultando o prosseguimento do processo.

    A presença desta energia (Lei XIII) imprime no seu portador uma predisposição às mudanças. No entanto, é preciso entender como ela se manifesta nas pessoas. Existem alguns pré-requisitos que permitem que as mudanças se instalem. O primeiro deles é não se apegar demasiadamente a qualquer coisa, ideia, ou lugar o que, naturalmente, afasta o medo de experimentar novas alternativas. Como consequência, sentimentos como sofrimento, saudade e todos os demais que possam impedir de seguir em frente são minimizados. Essas características, se bem administradas, proporcionam uma vida descomplicada com leveza no trato das situações e poucos problemas efetivos, pois não desenvolvem muitas raízes nem carregam fardos pesados, além permitir lidar bem com perdas e reveses.

    Como corolário natural dessas características, o portador desta energia percebe rapidamente as coisas e, por isso, não se aprofunda. Tem uma tendência à superficialidade e a decisões apressadas. Absorve com facilidade o que se passa em volta podendo se tornar um verdadeiro mata-borrão energético, o que potencialmente pode causar um grande desgaste. A Lei XIII é a da agilidade mental e uma da suas falas mais comuns é “ – Não precisa dizer mais nada... Já entendi tudo”. É esta perspicácia que leva à superficialidade que pode motivar as decisões apressadas das quais podemos nos arrepender, por não termos ido mais fundo na sua análise.

      A associação ao número 40, descrita no simbolismo do Arcano que representa a Lei, faz com que os portadores sejam vistos como compreensivos e misericordiosos. Lidam bem com a alegria e com a tristeza, como se conhecessem essas energias de ocasiões anteriores – provações pelas quais já passaram – e por isso compreendem os demais.

    Percebemos que uma determinada situação necessita de mudança quando ela começa a nos incomodar e causar o desconforto, pois embora haja o desejo de mudar, não se consegue encontrar o caminho. Não podemos esperar que tudo mude sem que nada façamos, nem deixar o tempo assumir nossas responsabilidades. Existem sempre argumentos “convincentes” para afastar de nós a responsabilidade: não estar preparado..., ser muito jovem para entender ou enfrentar... Mesmo que eles tenham algum fundo de verdade não podemos escolher o sofrimento como opção de vida, ficando parados sem qualquer movimento na direção da almejada mudança.

                                       "A dor é parte integrante da vida. O sofrimento é opcional.

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