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ARCANO X – A RODA DA FORTUNA

LEI X – O PODER NA ESTRUTURA - SIMBOLISMO

     A roda na Lei X carrega, assim como o Carro da Lei VII, todo um simbolismo de movimento, mas aqui enfatizando como os movimentos individuais, tão necessários para o Ser Humano, precisam estar em harmonia com o permanente revolver das forças cósmicas. A Roda e a ideia de ciclos estão intimamente ligadas. Este Arcano mostra com clareza esta ligação, trazendo uma roda giratória na qual estão fixadas duas figuras. Além disso, em todos os Tarôs, há pelo menos mais uma figura que ocupa o cume da roda e, em alguns outros, aparece uma quarta figura na sua base. Notemos bem que a força motriz da roda é dada pelas criaturas laterais, pois a que está no topo, no Plano Espiritual, apenas parece guardá-la, embora muitas vezes tenha um símbolo de poder, como espada ou cetro, mas sempre mantendo-se acima dos demais.

     Esta última figura está aqui representada pela Esfinge, o Ser por trás do véu da personalidade, que permanece imóvel, acima de tudo, a despeito do movimento da roda. O Arcano carrega também o sentido de crescimento e queda, ou seja os movimentos das energias mais densas em direção à criação de formas mais sutis e perfeitas e o movimento contrário da energia indiferenciada descendo em busca de formas manifestas. A esfinge no Plano Espiritual representa os poderes dos quatro animais sagrados: Touro (calar), Leão (querer), Águia (ousar) e Homem (saber), associados aos quatro verbos sagrados. Ela representa os atributos que o homem deve dominar para conseguir livrar-se da roda das encarnações. É a Roda de Samsara ou das encarnações que só terão fim com a saída através da Esfinge.

     No plano intermediário ou Astral, a roda remete à Roca, símbolo do tempo, da fiação do destino tecido pelas fiandeiras ou Moiras, filhas de Zeus com a deusa Têmis. Cloto, a Fiandeira; Laqueris, a Mediadora ou Distribuidora; Átropos, a Cortadora ou a Inevitável

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     Por que é tão difícil escapar da Roda? O Ser Humano, pela sua própria natureza, tem grande dificuldade em harmonizar os seus elementos constituinte – Corpo, Alma e Espírito – Ação, Emoção e Pensamento. Existe sempre uma tendência predominante de focar no lado material, mais presente e palpável, o que enfraquece a contribuição dos dois outros centros para a construção da energia necessária para permitir esse escape. O que assistimos, então, é a uma sequencia de ascensões e quedas de Civilizações, Impérios, Empresas, e Indivíduos cujas conquistas acabam se concentrando no lado material e não conseguem criar um movimento suficientemente forte, uma “velocidade de escape”, para vencer a “gravidade” que os mantêm presos a este mundo. O sistema não cresce como um todo unificado, as conquistas nos três campos não são harmônicas e permitem que o movimento descendente da Roda desempenhe o seu papel.

    O significado da Roda é muito rico e baseia-se no contraste entre o eixo estacionário e a circunferência externa rotativa. Grosso modo, o eixo seria o Ser e a periferia o Vir-a-Ser. Uma roda pode girar sobre o seu eixo e não ir a lugar nenhum, mas sabemos que para que haja progressão é necessário que o próprio eixo se mova em translação. O movimento seguro e estável de qualquer veículo precisa que todas as rodas estejam em contato com o solo e gerem o atrito suficiente para permitir o movimento desejado. Qualquer derrapagem prejudica a qualidade desse esforço, seja em direção como em intensidade.

     Quanto mais próximos estivermos do centro desta roda, menos individuais estaremos e menos sofreremos com a força gerada pelo seu movimento. Estar na ponta externa de seus raios é estar sempre sujeito às forças plenas da roda. Este raio pode ser tão grande que teremos uma impressão de linearidade, e assim reagiremos, caindo nas armadilhas do destino, tragados por forças que não compreendemos, pois não conseguimos entender a totalidade do que está nos cercando, por termos visão obtusa. Podemos viver a vida "exterior", mas sempre lembrando que devemos fazer uma conexão desta com a nossa vida interior.

     O Dez representa o retorno à unidade depois de um ciclo completo de criação. Segundo Mebes, a decomposição em 1+9 nos mostra que a unidade se manifesta através de 9 aspectos ou atributos, reflexões ou refrações. O ser, portanto, não se manifesta diretamente, e sim através de seus nove atributos, como se a sua verdadeira natureza estivesse velada pela cortina desses atributos que aparecem como algo concreto. Se, por outro lado, considerarmos a decomposição 9+1, veremos que esses nove atributos são sintetizados numa décima manifestação, assim como as características de uma planta estão contidas na sua semente. Esta decomposição nos remete ao Eneagrama, símbolo que oferece ao Ser a possibilidade de se manifestar através de nove energias colocadas à sua disposição para conduzi-lo no seu caminho. A Lei X não nos fala de mudanças ou transformações interiores. No entanto ela tem muito a ver com a maneira como cada um vai escolher reagir em relação às mudanças externas que afetam as suas vidas. Falando da Roda da Fortuna, R.Guiley faz a seguinte observação pertinente: “ a Roda gira a despeito de nós, se fluímos com ela, cresceremos; se resistirmos ao seu movimento vamos estagnar. Podemos escolher ser parte do processo, ou nos contentarmos em ver a vida passar. Grande satisfação, crescimento e plenitude advêm de viver uma vida em sintonia com os ciclos e ritmos.”

ARCANO X – A RODA DA FORTUNA  

LEI X – O PODER NA ESTRUTURA

PARTE 2 - REFLEXOS NA VIDA REAL

     As energias que regem a Roda da fortuna e a Lei por ela representada tendem a induzir nos seus portadores pensamentos, comportamentos e preocupações voltadas principalmente para os aspectos materiais da vida o que, aliás, está representado pela cor laranja do campo espiritual do Arcano. A subida na Roda, que deveria gerar atitudes equilibradas nos três campos da natureza humana – Físico, Emocional, e Espiritual – acabam se concentrando no primeiro, trazendo grande preocupação com a escalada hierárquica nas estruturas das quais fazemos parte, sejam elas, sociais, profissionais ou, até mesmo, religiosas. Neste último caso, não confundir religião com espiritualidade, pois esta última não depende de estruturas de apoio.

     Trata-se portanto de uma busca de Poder dentro das estruturas. Não o Poder de Origem, herdado de sua linhagem, como acontece na Lei III,  mas um poder ostensivo, conquistado no mundo material, muito valorizado pelos portadores destas energias. A percepção da atuação dessas forças faz com que, mesmo inconscientemente, se desenvolva uma preocupação e um medo da queda em algum momento do ciclo. Assim, a manutenção das aparências pode se tornar uma atitude muito comum, bem como a certeza da garantia de uma reserva para os momentos de dificuldades. Os portadores destas energias têm a necessidade de estar sempre “bem na fotografia”. O medo da pobreza é uma de suas preocupações permanentes.

      Promover a subida e evitar a queda dependem fundamentalmente de movimentos bem executados, principalmente no aproveitamento das oportunidades que a vida oferece. No entanto, excessos nesse afã podem levar ao “oportunismo”, ao “carreirismo” ou à manipulação de situações.

     Um poder mal administrado pode levar a atitudes bem conhecidas, como a postura de “novo rico”, com uma necessidade incontrolável de ostentar suas posses ou de mostrar o seu poder ou, ainda, a uma arrogância e descaso por aqueles que não alcançaram o sucesso que ele acha que conseguiu.

     Mas, tudo sempre vem com um preço. Todo sucesso ou crescimento exige escolhas e tomada de decisões que quase sempre envolvem risco. Qual o empresário de sucesso que nunca correu riscos? O portador destas energias para fazer o correto uso delas deve estar disposto a corrê-los. O sucesso, como já foi ressaltado em artigos anteriores, exige exposição sob vários aspectos, o que quase sempre implica em alguma forma de risco.

      Ascenção e queda são indícios claros de instabilidade e a influência da Lei representada pela Roda da Fortuna, dependendo de onde ela se situa no Eneagrama do indivíduo, poderá trazer altos e baixos emocionais, comportamentais ou nos estados mentais. A ocorrência dessa instabilidade vai depender da maneira pela qual cada um lida com essa energia – se a usa conscientemente em seu proveito, ou se deixa levar por ela, mecanicamente, acompanhando as suas oscilações.  Uma coisa, no entanto, é certa: no Cosmos nunca há garantia de estabilidade. O que temos de fazer é aprender a viver com essa incerteza.

     A Tríade 8-9-10 representa uma etapa de decisão. Nela uma ideia ou um projeto adquire uma forma concreta inteligível (Lei VIII), alcança aceitação como um padrão de conhecimento a ser aproveitado (Lei IX) e finalmente é feita a sua escolha e tomada uma decisão para que tome  vida no mundo real, com todos os custos e riscos envolvidos (Lei X).

    Vale ressaltar, mais uma vez, a importância da unidade da Tríade. Para que o processo tenha continuidade é necessário uma ideia ou um projeto com uma forma capaz de ser acessado pelo seu público alvo; que ele consiga o seu lugar no “arquivo” de ideias, ou seja, convencimento e,  finalmente; que ele seja “pinçado” do arquivo através de uma decisão de implementação. Sem qualquer um desses elementos o processo em análise pode sofrer uma interrupção nesta etapa e nunca chegar a ser executado. Entendimento, aceitação e decisão. Mesmo que não se possua as três Leis na camada motora do Eneagrama, elas sempre podem ser “puxadas” por meio de atitude conscientes para dar continuidade ao processo.

      Seguir o ritmo do universo é não estar atrelado ao passado; não estar apegado a “coisas” tais como posses materiais, ideias e conceitos que constituem as nossas “verdades”.

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