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ARCANO III – A IMPERATRIZ  -  LEI DO DONO

  PARTE 1 – SIMBOLISMO

 

      A interpretação de símbolos pelos seres humanos sempre estará “sujeita a chuvas e trovoadas”, tais as limitações impostas à plena manifestação do Ser na dimensão em que vivemos. Não é algo a que se possa chegar por análise ou raciocínio e temos que entender a mensagem que eles nos passam, levando em conta que estaremos sempre sujeitos aos nossos filtros conceituais, ou seja, aos paradigmas arraigados em nós. Talvez a melhor maneira de descrever a Imperatriz e as energias por ela dispensadas seja associando-a a um Arquétipo moderno e muito atual, cuja identificação poderemos ir conseguindo ao longo da descrição de suas características.
      Olhando a figura da Imperatriz verificamos que existe uma abertura entre os Planos Espiritual e Astral pela qual se projetam doze estrelas que estabelecem uma ponte entre eles, permitindo transito livre entre as duas regiões. Elas podem ser associadas aos signos do Zodíaco, mas também aos 12 Deuses do Olimpo na mitologia grega, cada um responsável por um atributo divino. A energia da Imperatriz irá proporcionar, portanto, aos seus portadores o potencial de manifestar ou utilizar na Terra esses atributos divinos. Esse Seres eram, na mitologia grega, os semideuses, ou seja, viviam no mundo, mas possuíam origem e atributos divinos.

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      Considerados "Heróis", eram admirados e respeitados, graças à manifestação dessas qualidades, que atribuíam a eles um poder que se impunha naturalmente sobre aqueles com quem tinham contato. Este era um poder herdado por origem, não um conquistado nesta vida, embora ele, se bem utilizado, possa conduzir a muitas novas realizações quando canalizado para produzir benefícios cuja utilidade seja reconhecida pela comunidade. Esta energia final da Tríade concilia a vontade e o conhecimento através de uma realização concreta e útil, ou seja, uma atividade criativa que, para isso, precisa ser também oportuna. A utilidade sempre costuma estar atrelada à oportunidade. No Plano Material do Arcano vemos o crescente lunar, aqui representado na horizontal, pouco comum, talvez para aproximá-lo do símbolo Isis-Hathor, sugerindo os aspectos femininos da maternidade, sexualidade e fertilidade e a capacidade de lidar com a dualidade abrindo as portas para a manifestação concreta. Apesar de aparecer sentada, ela olha para frente, para o futuro, o que lhe permite vislumbrar perspectivas e oportunidades.

    Deixando de lado os aspectos psicológicos do arquétipo e concentrando apenas nas energias envolvidas, que arquétipo poderia, nos dias de hoje, representar a Imperatriz? Qual a semideusa de origem divina que traz os seus dons e atributos para utilização neste mundo em benefício da humanidade? Que tem um poder primordial que ultrapassa as limitações humanas? Que recebeu um presente (atributo) de cada Deus do Olimpo para ajudar na sua tarefa terrena? Capaz de estabelecer uma ponte entre o mundo real e o oculto? Uma energia não tem sexo, gênero ou qualquer outra qualificação positiva ou negativa, podendo, portanto, ser utilizada por qualquer um, motivo pelo qual esta análise, para efeitos de uso com as Leis no Eneagrama, se restringiu à energia do Arquétipo. Este arquétipo costuma ser citado também, com frequência, em comentários sobre os movimentos feministas e suas implicações psicológicas e no que hoje vem sendo chamado de “empoderamento” feminino, fora do escopo da nossa abordagem. Nesta altura o arquétipo já deve estar identificado... A Mulher Maravilha.

      Outro exemplo da ação das energias da Imperatriz, sem recorrer a Arquétipos, decorrente ainda da manifestação de atributos divinos (Leis) no mundo material, é através da ideia de Natureza. Na continuação deste assunto vamos analisar como a energia da Mulher Maravilha / Imperatriz vai afetar o dia-a-dia de um ser humano através da ação da Lei III – a Lei do Dono.

 PARTE 2       LEI III – LEI DO DONO

     O simbolismo descrito na primeira parte conduz naturalmente às conclusões agora apresentadas e que podem ser constatadas em todos aqueles que possuem esta Lei em seus Eneagramas. Para reduzir o tamanho e facilitar a leitura, este artigo vai se restringir às conclusões que podem ser extraídas do simbolismo. Maiores detalhes poderão ser obtidos no Site na Internet (https://www.alpeneagrama.com) .
    A presença de um Poder de Origem herdado de sua linhagem espiritual faz com que os portadores desta Energia em seus Eneagramas manifestem características peculiares. A primeira delas é mostrar, normalmente, uma postura aristocrática e uma autoridade que se afirma naturalmente. São pessoas educadas, mas firmes na suas posições. O Dono é a origem de um Poder que pode ser exercido por terceiros, mas sempre em seu nome. O “Três” é um mediador e não um executor. Assim, sua preocupação é com os resultados e não com os detalhes. Sua grande preocupação é sempre alcançar os propósitos e aproveitar as oportunidades vislumbradas. Tem sempre uma visão macro das situações. Se, devido à atuação de outras energias (Leis), se deixar envolver pelos detalhes de execução, corre o risco de desperdiçar novas oportunidades e deixar de desempenhar o seu papel principal.
     O termo “Dono” atribuído a esta Lei decorre da tendência natural de que os criadores de uma oportunidade se tornem os donos do processo dela decorrente, quando conseguem concretizar suas ideias. A atuação desta energia os leva a tentar ser os donos de todos os processos nos quais se envolvem, mesmo quando não são os seus criadores. Uma consequência direta é a dificuldade de se submeter a ordens ou de trabalhar para terceiros. Sua submissão é apenas ao Poder maior, suas Leis são nada menos do que as Divinas. Avesso à autoridade e a dependência, por se considerar no topo da escala. A presença dessa anergia, se bem utilizada, é um grande passo para se tornar o Dono da sua própria vida.
        A ideia de uma “Corte” está sempre presente na mente de um aristocrata. Criar um processo, seja ele profissional, social ou até mesmo no campo dos relacionamentos, implica, em geral, em construir e povoar uma estrutura ou um círculo, para fazê-lo fluir. O “Três” é seletivo nas suas escolhas e vai buscar sempre os que considera pertencer à sua “linhagem”. Ele cria suas próprias “elites”.
Costuma ter pouca consideração e respeito à Lei dos homens. Suas Leis são nada menos do que as divinas. Normalmente se consideram especiais. Lei e justiça são para ele ideias distintas e nem sempre coincidentes, pois sabe que a Lei pode ser um código imperfeito que nem sempre consegue conduzir à justiça. Seu senso de justiça, porém, é muito apurado o que o leva a ver com satisfação o restabelecimento da posição de equilíbrio que sempre deve caracterizá-la. Assim, é comum vermos essas pessoas serem taxadas de vingativas, mas é sempre bom lembrar que a vingança, como usualmente entendida, de acordo com a origem do termo, decorre de ações que envolvem algum tipo de violência. Por índole, o “Três” não é afeito à violência ou a provocar situações concretas que visem uma retaliação direta. Isto não quer dizer, no entanto, que esta possibilidade esteja totalmente excluída em casos de extrema subjetividade.
      Esta é uma energia mental que faz a mediação entre os Planos sutil e manifesto, abrindo as portas para o mundo material. As forças neutralizantes das Tríades, especialmente o Três, constituem-se na essência dos processos criativos, pois em geral, delimitam os contornos para a aplicação das forças criadoras e permitem o seu desenvolvimento sustentado, pois são elas que garantem a passagem para a fase seguinte dos processos. O triângulo é a primeira figura geométrica fechada e delimita o “útero” em que as ideias são gestadas. Na ausência de qualquer de seus lados o santuário se desfaz e as ideias se perdem sem nada produzir. É nisso que consiste a Unidade da Tríade.

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