top of page

Lei XIV  na 3a Dimensão – Lei do Prazer

 

    Costuma-se dizer que as pessoas influenciadas por esta Lei só fazem aquilo que gostam e, portanto, acabam parecendo egoístas, aos olhos dos outros. Esta é uma verdade que deve ser olhada na sua verdadeira perspectiva, pois é uma tendência natural percorrer o caminho da forma que mais nos agrada.

      Nem sempre as coisas das quais gostamos são aquelas para as quais temos habilidades naturais. Além do mais, saber exatamente do que gostamos é uma tarefa que pode não ser tão fácil como aparenta à primeira vista. Eu posso desejar ser um jogador de futebol, uma bailarina, ou um cantor/a, mas será que isso vem do meu amor à atividade ou da perspectiva de fama ou riqueza que podem daí advir?

    Do que realmente gostamos? Como podemos saber se a motivação que nos move é real ou ilusória? Em geral temos a tendência a achar que gostamos das coisas que fazemos bem, aquelas para as quais temos pendor, mas que nem sempre preenchem o nosso Ser e nos proporcionam o “alimento” necessário para a nossa alma. Aquilo que realmente nos preenche passa ao largo das avaliações de custo-benefício e não está sujeito a avaliações de escolha. Normalmente só não seguimos nesse rumo por absoluta impossibilidade, mesmo assim, ficamos sempre na busca de uma oportunidade para a sua concretização.

     Mesmo que nossas habilidades naturais não conduzam diretamente à possibilidade de abraçar o que gostamos, temos de usá-las para construir o caminho que permitirá que isso aconteça. Já sabemos que a vida não é feita apenas de sucessos – os reveses também fazem parte dela, sendo deles tiradas as maiores lições. As habilidades naturais são ferramentas de desenvolvimento e não devem ser usadas em vão, sem produzir nada de novo e que nos acrescente novas capacidades.

     O Arcano XIV da Temperança também é chamado em alguns Tarôs de “A Arte”, o que é fácil de compreender. Harmonizar coisas diferentes, idéias contraditórias, aspectos conflitantes de situações, é a essência do trabalho do artista em qualquer área. Matérias primas, cores e idéias são manipuladas pelo artista para produzir algo novo, belo e útil para o mundo e para ele mesmo. Escultores, pintores, escritores, cientistas, decoradores, esportistas... Todos usam seus talentos naturais para produzir beleza e utilidade.

     Aos poucos é possível perceber que o prazer não vem da habilidade natural e sim do alimento posterior que decorre daquilo que se tornou a sua obra e, na maioria dos casos, não é sem esforço e sacrifício (Sacro-Ofício) que ele é conseguido. Fazer o que se gosta não significa, portanto, fazer apenas o que não exige esforço, caso contrário, nada de novo será produzido.

     A tendência natural desta Lei, como de qualquer outra, é que a sua energia se imponha sobre a vontade dos homens, levando-os à mecanicidade subjetiva, na qual ele é envolvido de tal forma que a Imagem fica confinada às profundezas do inconsciente, impedindo que seja feita a escolha correta  e fazendo que a Semelhança se afaste cada vez mais do ideal divino.

     Lutar contra a subjetividade, através da auto-observação é um atendimento ao alerta do Gênio Solar que nos aponta o caminho da consciência, mas não pode interferir na decisão, nem afastar do caminho as dificuldades e obstáculos. Os que atendem ao seu chamado conseguem tornar a vida mais bela, influenciar o ambiente através da manifestação de uma energia vital harmônica que magnetiza e atrai as pessoas. A autoestima que se desenvolve pode dar a impressão de egoísmo e pouco apreço aos que estão à sua volta, mas decorre apenas de uma mudança energética, que não faz mais determinadas concessões, e que não pode ser percebida por aqueles que não atingiram o mesmo nível.

     A visão imediatista do prazer é uma das principais subjetividades desta Lei quando ela busca por meios artificiais aquilo que o Ser não consegue produzir através do seu esforço, dedicação e adequado uso de suas habilidades. As consequências são os vícios que levam à autodestruição progressiva.

     Por serem adeptos da boa mesa, os influenciados por esta Lei podem, ainda, aqui com menores prejuízos, buscar consolo nas iguarias, o que pode, porém, no extremo, levar à gula e, posteriormente, à obesidade.

    Decorrências naturais dessa visão são a preguiça, a indisciplina contumaz e as cobranças de atenção, típicas das pessoas mimadas que não admitem ser contrariadas ou cobradas de qualquer forma.

bottom of page